Os antigos, para saber qual o caminho a seguir em suas vidas e conhecer a vontade de Deus, recorriam a bruxos, adivinhos, astrólogos e sacerdotes. Hoje em dia, muitos continuam buscando esses mesmos caminhos para descobrir a vontade do Senhor em suas vidas.
Todavia, o cristão de verdade sempre buscou e buscará saber o caminho a seguir – na vontade de Deus Pai– mergulhando sua vida na Palavra de Deus; a qual nos assegura que devemos estar sempre no caminho e na vontade de Deus, que é a verdade.
Na liturgia de hoje, a partir do livro de Deuteronômio, nosso Senhor quer nos ensinar que existe outra forma, muito eficaz, para que possamos descobrir, em nossa vida, a vontade, o caminho de Deus a seguir. Esta forma é escutando a voz do coração. É Deus quem nos diz que o caminho a seguir não está fora, no Céu, distante de nós; ele está muito acessível a cada um de nós, pois está em nosso coração, em nossa boca. Basta que a ouçamos e obedeçamos.
Esta palavra, este caminho, que está tão em nós, é caminho de vida eterna, de felicidade.
O judeu piedoso pergunta a Jesus o que deve fazer para receber a vida eterna e Cristo lhe responde: “Amar o Senhor teu Deus de todo o coração e o teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10,27). Mas o judeu teve dúvidas: “Quem é o meu próximo?”
Quem é o nosso próximo? Pergunta não feita somente ao judeu, mas a cada um de nós, cuja resposta deve ser dada com a vida, com atitudes concretas e não somente com os lábios. Cristo traz o fato de uma pessoa que cai nas mãos de assaltantes e estes quase o matam. Todos os justos passaram pelo caminho, pelo irmão convalescente, mas ninguém foi capaz de ajudá-lo, exceto o pecador, o impuro, o indigno para os judeus: o samaritano.
Muitas e muitas vezes, agimos da mesma forma: nos achamos muito cristãos, muito santos, muito dignos, muito tudo. Somos sim acolhedores, mas apenas daqueles que nos fazem bem, daqueles que nós amamos, dos limpos e cheirosos, daqueles que nos admiram. No entanto, a pergunta é: somos capazes de acolher aqueles que não conhecemos, aqueles que nos fazem o mal, que não suportamos, que não têm nada a ver com a nossa vida? O amor de verdade, único caminho de salvação e vida eterna, de felicidade, passa pelo amor concreto, a começar por aqueles que passam pela nossa vida. Amar os que queremos bem e que nos querem bem é conveniência, estratégia, puxa-saquismo; o amor de verdade é demonstrado quando amamos aqueles que não merecem nosso amor, aqueles que se encontram distante de nós, os impuros em todos os sentidos.
A Palavra de Deus para nós hoje é duríssima! Como se encontra o nosso amor no concreto da vida hoje? Estou dando hospedaria, acolhimento aos pecadores e pobres de corpo e alma, ou estou excluindo-os da minha vida e de minha companhia? Estou derramando o óleo do carinho e da compreensão sobre as feridas dos outros ou estou apontando e apertando as suas feridas com as minhas mãos e o meu coração? Estou dando montaria aos que sofrem ou estou pisando neles, frente às suas feridas e pecados? Proporcionar cuidado a quem nos ama, sim; mas e aos outros, àqueles que não merecem meu amor? É aqui que se difere o cristão!
Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova
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