APOCALÍPSE 1ª FASE


GRUPO ÁGUA VIVA – RCC

PARÓQUIA DO SENHOR COM JESUS DOS P. AFLITOS

APOCALIPSE

(Jesus Cristo é o Senhor. Sim verdadeiramente Ele é o Senhor).

Tudo espanta nesse estranho livro: o estilo, as imagens, o aspecto catastrófico...e no entanto, é um dos livros mais lidos e comentados do Novo Testamento, sobretudo em período de crise. Como explicar este contraste? Muito simplesmente por que se pressinta, por instinto, que é uma mensagem de esperança.

Mas não se trata de uma esperança barata, desses de romance de ficção, sonhadores com um mundo melhor, levando-nos a fugir do nosso, que quer nos fazer esquecer nossas realidades e fantasiar uma situação ideal. Pelo contrário, uma esperança lúcida, fundada sobre a fidelidade de Deus, mestre do povir.

Apesar do livro trazer este nome que significa “tirar o véu”, ou seja “re-velação”, seu conteúdo se assemelha mais ao gênero profético do que do gênero apocalíptico.

Os povos da Bíblia vêm história de maneira linear: é uma história que progride e caminha para um fim. Nessa história o profeta intervém em nome de Deus: tem como missão levar seus contemporâneos a viverem plenamente o presente, sob o plano de Deus. Ele se interessa certamente pelo futuro, mas enquanto esse futuro dá sentido ao presente, enquanto sustenta a esperança dos ouvintes lembrando-lhes a finalidade de sua caminhada, o “Dia” em que Deus estabelecerá definitivamente seu Reino sobre o mundo.

Em tempos difíceis o profeta sente que não basta só as palavras de esperança, as promessas de Deus. Então supõe-se que para este crente Deus “afasta o véu” que esconde o fim, a profecia se torna apocalipse.

UM SALTADOR DE DISTÂNCIA

Como pois este autor vê o fim dos tempos? Certamente é possível que Deus lhe conceda “visões”. Mas, mesmo neste caso, não devemos pensar em algo de muito extraordinário; não é o modo habitual de Deus agir. O método do autor do apocalipse é o método do atleta de salto à distância.

Observemos o atleta: ele precisa partir de um ponto determinado: a linha de partida; para projetar-se o mais longe possível para frente. Porém para isso, ele começa por andar para trás! Recua uns 50 ou 60 metros a fim de percorrê-los a toda velocidade e, chegando à linha, saltar no mesmo sentido, impelido por seu impulso. Quando temos uma decisão importante a tomar relativamente a nosso futuro, não nos acontece o mesmo? Recordamos nosso passado, tentamos discernir os marcos de luz, momentos em que vislumbramos de modo bastante claro o que corresponde a nosso ser profundo. Relendo assim nosso passado, estes pontos luminosos talvez tracem uma determinada linha. Então, por fidelidade para conosco mesmos, arriscamos no mesmo sentido quanto ao futuro.

O autor do apocalipse é como nós: ignora o fim dos tempos. Mas está certo de uma coisa: Deus é fiel. A fim de saber o que acontecerá no fim dos tempos, tenta descobrir como Deus age atualmente. E como é preciso um certo lapso de tempo para discernir um movimento, ele percorre bem rapidamente a história passada de seu povo; procura descobrir as grandes leis do agir divino e, chegando a seu tempo, salta para a frente, projetando no fim dos tempos estas grandes leis gerais. É assim que o autor do livro de Daniel escreve por ocasião da perseguição dos anos 165-164 a.C. Para saber como essa realidade terminará, ele imagina-se está numa outra fase difícil do passado: o Exílio da Babilônia (587-538 a.C). percorre a história entre 538 e 164 para, chegando a sua época, projetar-se para a frente. Não são portanto acontecimento precisos que ele “vê”, mas de fato o modo como Deus, fiel a si mesmo, terminará a história.

E a melhor forma de dizer isso é através de imagens!

Devemos no entanto nos apoiar sobre o que as imagens e os símbolos sugerem e não de tomá-los ao pé da letra.

UMA LINGUAGEM ENIGMÁTICA

O Apocalipse de João é todo um código de imagens, especialmente:

As cores:

· Branco: vitória, pureza;

· Vermelho: assassínio, violência, sangue dos mártires;

· Preto: morte, impiedade...

Os números:

· 7 – número perfeito, a plenitude (55 vezes);

· 6 – ( 7 menos 1)= a imperfeição;

· 3 e meio ( a metade de 7)= imperfeição, sofrimento(3 vezes);

· 4 – o mundo criado (a totalidade cósmica) (12 vezes);

· 12 – o Israel, o antigo e o novo (23 vezes);

· 1000 – uma enorme quantidade

Os números podem ser multiplicados: 144.000=12x12x1.000;

· 666- é um caso a parte. É uma transposição numérica de um nome, do perseguidor dos cristãos. Uma tradição hebraica que considerava que algumas letras tinham valor numérico. Assim o nome de César Nero, em hebraico:

Q ai S a R N e R V N

100 60 200 50 200 6 50 = 666

Para que os leitores de João pudessem compreender o código deveria referir-se a um personagem não latino, mas grego (os leitores de João não falavam latim, mas grego e hebraico); e também deveria se alguém que viveu em seu passado próximo ou em seu presente. Pois era a eles que João escrevia e deveriam compreender o código. Por tanto a tentativa adventista de insinuar que o Papa seria a besta, pois em algarismo romano esse número corresponde a um antigo titulo dos bispos de Roma (VICARIUS FILII DEI), que há muito não se usa, e nem todos os papas o receberam, não tem a menor sustentação.

Se quisermos assim agir, então a doutora e grande escritora do adventismo poderia ser a besta do apocalipse: HELLEN GOVLD WHITE. Porém incorre em erro quem age desse modo. João utilizou o código, pois sabia que seus discípulos o compreendiam.

Os símbolos:

· Chifre: poder

· Cabelos brancos: eternidade (não velhice);

· Roupa comprida: frequentemente, a dignidade sacerdotal;

· Cinto de ouro: poder real.

CHAVES PARA EXPLICAR O APOCALIPSE

Existiria um método simples de interpretar este livro?

O livro pode ser comparado a um cofre-forte, com múltiplas combinações, algumas dessas chaves- embora ainda utilizadas por algumas seitas- só abrem portas falsas, e nenhuma, sozinha, consegue abrir; juntas elas têm a possibilidade de nos introduzir um pouco no segredo.

1. Os sonhos milenares: Ap 20,1-6 nos fala de um reino de mil anos dos fiéis com Cristo, antes da vitória final. Alguns ainda pensam assim, infelizmente.

Este período pode significar simplesmente o tempo entre o Cristo e a parusia.

2. O sistema da recapitulação: O livro dá a impressão de se repetir sem cessar. Se, por exemplo, tivéssemos apenas os onze primeiros capítulos, certamente pensaríamos que estivesse completo. Os acontecimentos descritos não devem ser somados uns depois dos outros, de maneira cronológica, mas são os mesmos fatos repetidos de forma diversa.

3. O sistema da história universal: Outros pensaram que João nos descrevia antecipadamente todas as grandes etapas da história humana até o fim do mundo. Baseados nesta teoria as Testemunhas de Jeová e os Adventistas anunciaram o fim do mundo para 1914 e 22 de outubro de 1844, respectivamente.

João não quer anunciar acontecimentos precisos.

4. O sistema escatológico: segundo essa hipótese, João só falaria na parusia, julgando aliás estar muito próxima.

Não podemos sustentar essa idéia (falaria de...), mas idéia geral é importante. João nos convida a decifrar o sentido da nossa história, á luz de um acontecimento passado, a ressurreição de Cristo, mas também de um acontecimento futuro, sua vinda definitiva, sua parusia.

5. O recurso da história contemporânea de João: tal corrente de pensamento, defende que o autor estava falando apenas de acontecimentos de seu tempo. A algo de muito certo nessa visão, mas não se pode reduzir a mensagem do profeta do apocalipse. É certo que ele nos apresenta em primeiro a passagem do judaísmo para o cristianismo (3 – 11) e a ruína do paganismo romano (12 – 20).

6. A análise literária: defende que João escreveu dois apocalipses ou mais, explicando-se assim as repetições.

7. O método comparativo: tenta explicar o Apocalipse, comparando seus símbolos com os que seus contemporâneos utilizavam. Mas é principalmente em relação ao AT que podemos fazer uma comparação. O livro faz em torno de 400 citações e reminiscências ao AT, principalmente Ezequiel, Daniel, Zacarias, Jeremias, Isaías, Êxodo, Salmos e outros livros. Nesse sentido o apocalipse é “uma nova leitura cristã do Antigo Testamento destinada a esclarecer toda a história da Igreja”(FEUILLET).

INTRODUÇÃO 1, 1-3

Estes três versículos formam a introdução do livro. Trata-se de uma “revelação” transmitida por Jesus Cristo e por ele próprio recebida do Pai. Vai mostrar “o que deve acontecer muito em breve”. Ou seja os acontecimentos do fim dos tempos, mas visto que este fim já aconteceu em Jesus. (Mt 4,17; Mc 1,15).

UMA IGREJA MUITO HUMANA

Nesta primeira parte o apocalipse se apresenta como uma carta dirigida a sete igrejas da Ásia Menor. São comunidades reais com uma particularidade, situavam-se na estrada imperial do correio. O número “sete”, nos adverte que através delas é também toda a Igreja universal.

TRINDADE (1,4-8)

A mensagem de João se enraíza no coração da trindade.

O Pai é apresentado por uma fórmula semelhante a do Êxodo: “IAHWEH” (3,14). “Aquele-que-é, Aquele-que-era e Aquele-que-vem”(cf 1,8 e 4,8).

O Espírito Santo é apresentado por suas sete formas, talvez uma alusão a Isaías 11. É o Espírito em sua plenitude (sete).

O Filho é apresentado mais longamente, começa por usar três expressões do Sl 89, 28.38, que eram atribuídos ao messias. Por sua morte Ele torna-se a “testemunha fiel”, por sua ressurreição o “Primogênito dos mortos”, e príncipe dos reis da terra: Ele é o “Senhor” e os imperadores devem se submeter a Ele.

Depois o autor mostra Jesus em sua obra de salvação por todos nós no “Ele nos ama”, conjugado no presente, único caso no NT. Em seguida diz que nós participamos de seu sacerdócio. Depois apresentará o Cristo como o Filho do Homem que vem entre as nuvens (Dn 7,13), também como aquele que transpassaram de Zacarias 12,10.12.

Termina com a visão do Deus “Pantocrator”, começo e fim de todas as coisas (Is 44,6).

João tem sua visão num Domingo “dominica die” (Dia do Senhor), o dia que se celebra o triunfo pascal do Cristo e o anúncio de sua volta definitiva. Isto dá ao livro um aspecto litúrgico.

Ap 1,12-17 (Dn 10,5-19; 7,9-13; Zc 4,1-14; Is 49,2;44,6;48,12)

AS CARTAS AS SETE IGREJAS (2 – 3)

As cartas seguem o mesmo esquema: nomeia a igreja. é o Cristo quem o envia mostrado por uma das imagens anteriores. Exame de consciência da igreja, virtudes e falhas, chamado a conversão. Promessa ao vencedor.

Éfeso: é uma metrópole de 250.000 hab. É a primeira cidade da província da Ásia, é solicitada a ser também a primeira na fé. Nesta cidade havia um altar dedicado ao Imperador Augusot e um templo da deusa Diana. A infidelidade dessa igreja reproduz a queda dos primeiros pais. O vencedor será nela de novo introduzido.

Esmirna: tinha nela um templo ao imperador Tibério. Também existia em seu monte a “coroa de esmirna”, um conjunto de magníficos monimentos. Cristo é que dá a verdadeira coroa da vida.

Pérgamo: o “trono de satanás” é sem dúvida referencia ao culto ao imperador, que tomou para si o título de Deus Soberano. E do Deus Esculápio, deus curandeiro. É um convite a confessar o Nome de Jesus e não do Imperador. A pedrinha branca (pureza, santidade), é possivelmente referencia ao batismo.

Tiatira: alguns cogitam que haveria em Tiatira alguma profetiza (Jezabel), que como a profetiza do AT, levava o povo eleito ao culto dos ídolos. A prostituição é uma referencia aos deuses pagãos. O premio aqui é o mesmo do Salmo 2,8.9. a estrela da manhã (sol) é o próprio Cristo.(Eucaristia?).

Sardes: esta cidade havia sido tomada de surpresa várias vezes pelos inimigos do império e o Cristo ameaça chegar como “ladrão”. Era também cidade centro da fabricação de tecidos e lã, as vestes tem todo um sentido para este povo. O nome inscrito no livro da vida(Dn 12,1).

Laodicéia: famosa por sua riqueza, suas águas termais e sua escolade medicina, onde se fabricava o unguento para os olhos. No julgamento do Cristo é pobre, cega e infeliz. A benção faz referencia ao Cântico dos Cânticos 5,2.


Blogger Template by Blogcrowds


Copyright 2008 | Blogger Templates by GeckoandFly modified and converted to Blogger by Blogcrowds.

Distributed by Blogger Templates